Imagine que você, treinador de futebol, queira obter o máximo de informações possível sobre uma equipe (a própria ou uma adversária) com o intuito de potencializar sua performance e conseqüentemente os resultados obtidos. É fundamental a coleta de dados para a estruturação de um Scout quantitativo e qualitativo que ofereça um “mapeamento” espacial e temporal das tarefas que foram realizadas por determinada equipe. Para contextualizar esses dados devemos sempre considerar a proposta de jogo da equipe analisada, afinal, um time que marca intensamente em campo adversário apresentará números diferentes de outro que opte pela marcação em bloco baixo. Caso essa contextualização dos relatórios construídos seja feita de forma empírica, abre espaço para o “achismo” e a “opinião pessoal” jogando por água abaixo todo o processo científico que estava sendo transcorrido.
Então podemos afirmar que, apesar dos grandes trabalhos que são realizados por algumas empresas de scout, que cumprem em 100% a que se propõe, com grande qualidade do serviço e sempre buscando a excelência através da criação de novos serviços e aprimoramento dos já existentes, essa ainda é uma ferramenta incompleta, com algumas lacunas que deixam margem para que sejam incompreendidas e mal utilizadas.
E essa lacuna é um caminho ainda pouco explorado pelos profissionais do futebol, pois entra num campo onde a subjetividade ainda é aceita como possível verdade. Para que consigamos contextualizar a ação temos como fonte única a observação dos resultados apresentados. Mas se nos apegarmos aos resultados pontuais simplesmente cairemos no campo do scout qualitativo, o qual estamos tentando tornar mais fiel e não substituir.
Considerando que estamos a analisar um sistema complexo (o jogo), com interação entre um número altíssimo de variáveis podemos partir do princípio de que a seqüência de eventos aleatórios ocorridos na partida pode nos dar pistas num primeiro momento que serão confirmadas posteriormente caso venham a se repetir de forma semelhante em uma determinada quantidade. Uma finalização da entrada da área é um dado, dez finalizações dessa zona é um outro tipo de dado e saber que oito dessas dez finalizações tiveram origem em jogadas com bolas recuperadas nas mesmas zonas do campo com os mesmo atletas participando da jogada é um dado muito mais rico.
Para detectarmos essas variáveis, primeiro precisamos saber em que nível hierárquico elas influenciam no jogo e qual a relação que mantém com o mesmo. Estruturá-las é preciso para sabermos se pertencem a Lógica do Jogo, ou seja, são inerentes a qualquer jogo, se são Princípios Operacionais de Ataque (POA) ou de Princípios Operacionais de Defesa (POD) ou se são Princípios de Jogo.
Com isso, os padrões comportamentais individuais ou coletivos podem ser organizados de forma complementar com os dados de um scout para que a fidedignidade de uma constatação e a posterior resolução de um problema ou potencialização de uma qualidade estejam o mais próximo possível da exatidão, ou que pelo menos caminhe para ela.
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