segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Análise da incidência de gols por tempo de jogo

No Futebol de alto nível é sabido que qualquer detalhe bem trabalhado ou deixado de lado pode representar, em um estágio final, o êxito ou o fracasso de uma equipe. As preparações física, técnica, tática, psicológica e nutricional atingem hoje níveis muito próximos quando comparamos equipes com as mesmas condições para buscarem o máximo rendimento. Estes níveis, associados, geram componentes fundamentais no jogo. O gol, objetivo principal deste desporto, é um evento que representa em algum momento da partida o desequilíbrio de um ou mais destes componentes resultantes da preparação de uma equipe. No intuito de entender como se dá a dinâmica dos gols em uma partida, ao longo do tempo de jogo, foram dois os objetivos deste trabalho: caracterizar a incidência de gols em períodos fracionados de tempo em jogos profissionais de Futebol e buscar alguma evidência de que a distribuição destes gols ao longo da partida pudesse ser diferente entre os grupos das 4 primeiras equipes colocadas (gp) e das 4 últimas (gr) ao final das 27 rodadas da 1a fase do Campeonato observado. Nesse sentido foram analisados 378 jogos das 28 equipes participantes do Campeonato Brasileiro de Futebol 2001 (todos os jogos correspondentes à 1a fase da competição) através de dados coletados de 3 fontes distintas para comparação (Federação Paulista de Futebol através do seu site; UOL esportes; JDP CAMPINAS).

Após tabulação dos dados, observamos que existiu maior número de gols (54,1%) no 2º tempo dos jogos, ocorrendo com maior freqüência no intervalo de 31 a 45 minutos (31-45). Devemos destacar que 67,75% dos gols que aconteceram no 2o tempo ocorreram no intervalo entre 16 e 45 minutos (16-45) de jogo. Ao compararmos as incidências de gols entre gp e gr, observamos através do teste t (p<0,05)>

* Veja o artigo científico completo aqui

Leandro Zago

O técnico de futebol e os recursos visuais

É discussão corrente entre os profissionais do futebol, principalmente os estão no seu dia-a-dia em campo para ministrar treinamentos, as metodologias de treinamento utilizadas. Temos aqueles defensores de metodologias tecnicistas, os que trabalham com os jogos reduzidos, treinamentos com situações-problema presentes no jogo e algumas outras que conhecemos.

Não é de nosso interesse nesse artigo discutir qual a melhor, mais utilizada atualmente ou qual devemos usar para cada faixa etária. A questão é a seguinte: estamos nos apropriando de todas as formas possíveis de aprendizado para explorar a nossa proposta de treino?

Vamos pensar no aprendizado sob três perspectivas:

- cinestésico: aprendemos com as situações vividas com nosso corpo, as sensações que cada uma delas nos provoca.

- auditivo: qualquer estímulo sonoro, comunicação verbal, músicas, etc.

- visual: o que nossos olhos conseguem captar de informações em nível consciente e inconsciente.

Todos essas formas de aprendizado estão presentes num treino de campo, mas sabemos que o aprendizado cinestésico tem um peso maior em relação aos outros dois no que se refere às informações captadas. Ou seja, aprendemos mais vivenciando qualquer momento do que ouvindo-o ou vendo-o somente. Todos os treinadores realizam seu treinamento e conversam com seu grupo durante esse período. Notemos que os recursos visuais ficam presos ao que o atleta conseguiu captar durante o treino e tudo que ele “deixou passar” não foi incorporado como experiência de jogo.

Pensando em treinamentos táticos com suas situações coletivas e jogos, é imprescindível que um treinador tenha materiais gravados, da sua equipe e de outras, para discutir com seu grupo de jogadores toda a parte estratégica adotada e fazer com esses mesmos jogadores se tornem parte atuante desse processo, gerando conseqüentemente um envolvimento de ambas as partes (treinador-atleta).

Temos pleno conhecimento que está fora da realidade todo treinador de futebol possuir um notebook e um datashow para interagir dessa forma com seu grupo ou um gravador de DVD para copiar e editar imagens. Mas, com um pouco de criatividade, nós também temos que criar condições para dar um salto de qualidade no nosso trabalho.

Leandro Zago

Trocar de Técnico funciona?

Estamos no final do segundo mês do ano e muitos treinadores já perderam seus empregos em todos os estados do Brasil nas suas várias divisões. Em uma dessas demissões o treinador Vágner Mancini saiu invicto do cargo com a alegação por parte dos dirigentes gremistas de que as atuações do tricolor gaúcho não estavam agradando. Não basta mais vencer, tem que convencer ... mas a quem? A torcida, a imprensa, os dirigentes e tudo mais. Interessante pensarmos em como é feita essa análise de performance, afinal como vimos no caso acima passou a ser também subjetiva. E chama mais atenção ainda o fato de o Grêmio ter contratado Celso Roth para substituí-lo, um treinador que por lá já passou algumas vezes e sempre que saiu teve como principal motivo a falta de bons resultados.

Não importam os nomes, o importante é constatarmos que há um círculo de técnicos que entram e saem dos clubes de tempos em tempos, nesse perde e ganha, sem construir algo, sem planejamento a médio e longo prazo, numa política de resultados que foi criada por tudo que cerca o futebol e o capital financeiro nele presente.

À exceção de cinco ou seis treinadores dentre os times com maior popularidade, a regra é permanecer no clube enquanto os bons resultados são conquistados e preparar-se para a demissão quando aparece uma seqüência de derrotas. O planejamento do futuro do clube, com a formação de equipes competitivas, a oportunidade para jovens jogadores da categoria de base num ambiente propício e projetos de marketing são interrompidos após uma derrota. Pelo equilíbrio das competições profissionais de futebol, qualquer planejamento vinculado apenas e tão somente aos resultados tende ao fracasso, pois o jogo de futebol só tem a capacidade que tem de gerar emoções pela imprevisibilidade do mesmo.

É muito simples para um dirigente manter um treinador vitorioso (pelo menos naquele momento), o que não é fácil é gerenciar essa questão na adversidade. Por isso, na hora de contratar, o alinhamento de filosofias deve acontecer e o treinador tem que estar consciente e de acordo com os projetos do clube para aquele período. Caso contrário essa divergência gerará conflitos que podem interferir na performance. Quando se afirma que treinador precisa de tempo, parece que não estamos falando de futebol. O tempo é sempre pequeno e a necessidade básica é competência. Deixe um técnico incompetente por muito tempo em um clube e veja no que dá.

Enquanto grande parte dos treinadores estiverem em níveis muito próximos, e em algumas vezes abaixo do necessário para determinada situação, o mercado continuará a funcionar da mesma forma. E como em qualquer mercado, o profissional que se destaca é aquele que se diferencia dos demais, com conhecimentos teóricos e experiência prática para gerenciar seres humanos em busca de um objetivo comum.

Leandro Zago