Muito comum nas equipes que jogam com marcação mista é definir um de seus zagueiros para jogar “na sobra”, ou seja, este não acompanha nenhum atleta do adversário, mas é responsável por realizar as coberturas necessárias na linha de defesa. Em algumas equipes esse jogador é fixo, em outras ele é definido a cada jogada dependendo do posicionamento dos atacantes adversários.
Além da realização das coberturas, este jogador também cria uma superioridade numérica garantindo a presença de um defensor a mais nos ataques ou contra-ataques adversários. Olhando para a figura abaixo, podemos reparar que a forma como essa equipe posicionou o homem da sobra não criou uma superioridade numérica de 3 X 2, mas de 1+3 X 2, afinal o goleiro é parte integrante da equipe e deve participar ativamente de toda a estrutura tática.
Figura 1 – Posicionamento da defesa (verde) durante uma seqüência ofensiva
Vamos discutir alguns pontos apresentados na figura:
- há muito espaço entre a defesa e o restante da equipe, visto que não vemos nenhum outro atleta de verde até a linha média. Com isso a compactação da equipe fica prejudicada.
- o zagueiro central está sobrando em linha e o goleiro muito próximo a sua meta. Essa superioridade de 1+3 X 2 gera uma inferioridade no ataque de 7 X 8+1.
- os dois zagueiros que estão marcando os atacantes adotaram estratégias diferentes. Enquanto o zagueiro do lado direito optou por marcar de uma forma mais zonal, “por dentro”, priorizando o controle do espaço, o zagueiro do lado esquerdo buscou a marcação individual, anulando o adversário em detrimento do espaço. A falta de um padrão muito bem definido gera falhas em momentos onde as decisões devem ser coletivas.
Como solução, poderíamos adiantar o zagueiro “da sobra” de forma que formasse um triângulo com o vértice apontado para frente em relação com os outros dois. O goleiro também se adiantaria até a “meia lua” da área empurrando esse triângulo de zagueiros mais à frente. Assim, aumentaríamos um jogador por trás da seqüência ofensiva (conseqüentemente melhoraríamos a ocupação espacial em campo adversário), manteríamos a “sobra” com o goleiro e posicionaríamos os dois zagueiros “por dentro” em relação aos atacantes, para que, em caso de um longo lançamento no contra-ataque vá para zonas laterais e a defesa se reorganize.
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