Em ambas partidas, Dunga optou por iniciar a partida no sistema de jogo que vem utilizando, o 4-2-3-1. No jogo em Lima, Ronaldinho (talvez por voltar de um período lesionado) jogou posicionado à frente dos volantes, Mineiro e Gilberto Silva, atuando como um organizador e trabalhando muito nas transições defensivas. Kaká e Robinho com isso, tiveram uma liberdade que transformou-se num desacerto posicional nos momentos com e sem bola, tendo como conseqüência facilidades para a equipe peruana que jogava num 4-4-1-1 com marcação mista. Mesmo com algumas falhas, o 4-3-3 adotado pelo Peru no segundo tempo foi suficiente para acuar o Brasil e empatar o jogo.
Figura 1 – Uruguai (preto) pressionando em 3-3-1-3
No Morumbi, enquanto uma boa parte dos brasileiros esperavam jogar contra um time recuado, o Uruguai do treinador Óscar Tabárez utilizou uma estratégia que vários adversários da Seleção Brasileira vem usando (vamos nos lembrar do jogo contra a França na última Copa do Mundo): marcar a saída de bola brasileira, pressionando quando esta (a bola) chega no laterais.
Tendo como matriz a plataforma 4-2-1-3, a equipe celeste mudava essa conformação base quando o Brasil saía jogando e quando seu goleiro, Carini, batia os tiros de meta. Para chegar no 3-3-1-3, o lateral Fucile (6) adiantava-se para a linha dos volantes Gargano (5) e Gonzáles (8) e o outro lateral, Pereira (2), centralizava um pouco, aproximando-se da dupla de zagueiros, Godín (3) e Lugano (4). Conseqüentemente, o time uruguaio conseguia pressionar em zonas mais adiantadas, tendo recuperado muitas bolas em seu campo ofensivo.
Vamos destacar alguns pontos que foram evidenciados nesses dois jogos na Seleção Brasileira:
- faltam de alternativas de jogo, o Brasil tem seu sistema e tem dificuldades quando ele não “encaixa” contra determinado tipo de jogo do adversário;
- dificuldades na saída de bola, principalmente quando o adversário utiliza sistemas com três atacantes (falta amplitude e velocidade de transmissão de bola);
- o Brasil não consegue pressionar de forma organizada o adversário com seu sistema de jogo, quando isso é necessário em situações de desvantagem no placar, a equipe fica desequilibrada;
- os volantes Gilberto Silva e Mineiro, não conseguem marcar toda a largura do campo dentro de sua área de atuação (de uma lateral a outra), por isso com a entrada de Josué foi criada uma linha de 3 volantes que equilibrou melhor essa situação.
A equipe brasileira necessita dessas correções para que seus atletas consigam desempenhar melhor suas funções, pois só com um desempenho coletivo melhor cada um conseguirá potencializar suas qualidades.
Leandro Zago
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