quarta-feira, 29 de abril de 2009

Referências para a ocupação do espaço sem bola

Considerada por Júlio Garganta (1997) uma competência essencial e inerente aos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), a estruturação do espaço de jogo emerge como uma componente fundamental no processo de construção de uma equipe desde o nível individual, manifestada na compreensão e ocupação de espaços mais interessantes por parte do atleta a cada situação problema que o jogo apresenta e na gestão coletiva do espaço de jogo, onde a equipe estrutura-se em campo com o intuito de obter vantagem espacial e numérica pelo maior tempo possível nas mais variadas zonas do campo.

A ocupação do espaço não acontece de forma aleatória, ela tem (ou pelo menos deve ter) um significado para o jogador e para a equipe que se auto-organiza o tempo todo em função dos objetivos do jogo. A Lógica do Jogo de Futebol (Leitão, 2004) é comum a todos os jogos e imutável, os caminhos para cumpri-la é que podem exigir meios diferentes e, o que apresenta uma enorme variação, é a forma como cada equipe se organiza em nível estratégico para vencer partidas e quais as referências que dão sustentação a essa organização estratégica. Portanto, a criação de referências que norteará as decisões dos jogadores para que reajam em função de algo que seja comum a todos, possibilitando o jogo em equipe de forma concreta.

Figura 1 – Plataforma Tática 1-4-4-2 Zonal (vermelha)

Na figura acima pode-se observar que a equipe que está sem bola (vermelha) respeita algumas referências para a ocupação do espaço quando sem bola. Algumas delas são:

- a posição da bola: independente da posição ocupada pela equipe azul quando em posse da bola, a equipe vermelha irá se comportar em função de seus próprios jogadores;

- lado fraco: a faixa contrária à bola fica desocupada momentaneamente para que mais jogadores ocupem uma área entre a bola e o gol (flutuação e compactação como princípios estruturais sendo realizadas nesse caso);

- quadrantes: a ocupação dos quadrantes se dá de forma equilibrada, porém prioritária (espaços de maior valor) permitindo criar superioridade numérica se necessário;

- linhas de marcação: a orientação para a estruturação da marcação por zona é a formação de linhas que permitem maior equilíbrio horizontal.

É importante frisar que as referências para a estruturação do espaço sem bola devem estar relacionadas com as referências para a estruturação do espaço com bola e com todas as outras referências (operacionais, por exemplo) de forma que interajam potencializando o efeito uma da outra e nunca atuando de maneira concorrente. Outro detalhe que vale a pena ressaltar é que essas referências citadas acima estão baseadas numa marcação por zona e, caso seja feita a opção por uma marcação individual ou mista deve-se buscar outras referências. Marcar em função da posição da bola (zona) para alguns treinadores é considerado desvantajoso pela grande velocidade que a mesma pode atingir, porém, ao optar pela marcação individual aumenta-se o número de referências (onze), sendo que essas (os jogadores) buscam a desestruturação da equipe que os marca.

Independente das escolhas do treinador por esta ou aquela forma de jogar, só com referências bem definidas que o caráter coletivo da equipe será manifestado.

Referências Bibliográficas

Garganta, J. M. (1997) Modelação Tática do Jogo de Futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. 150 f. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física, Universidade do Porto, Porto.

Leitão, R. A. A. (2004) Futebol: análises qualitativas e quantitativas para verificação e modulação de padrões e sistemas complexos de jogo. UNICAMP, Campinas.


Leandro Zago

4 comentários:

Cristiano Ronaldo disse...

Excelente artigo

Feco disse...

aeeeeeee!

Anônimo disse...

http://falemosfutebol.blogspot.com/

Blog do Tavares disse...

Legal a maneira que esse blog aborda a ciência do futebol, gostei muito e vou continuar lendo.

Pensoq que quando a equipe está sem a bola, deve ter superiooridade numérica da zona da bola para trás. E pelo menos dois escapes para um eventual contra-ataque (que deve sempre ser rápido).

Abraços