segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O Jogo de Posição e o Counter Pressing

Alguns dos conceitos presentes no Jogo de Posição e como um de seus produtos o Counter Pressing, que cria alterações no Fluxo Natural do Jogo

“Eu odeio essa história de passar por passar, esse tiki-taka.
Não tem propósito. Você precisa passar a bola com uma
intenção clara, com o objetivo de chegar ao gol adversário.
 Não é passar a bola só por passar. Eu odeio o tiki-taka”
(Guardiola, 2014)

Conhecido em português como Jogo Posicional, o Jogo de Posição entrou em grande evidência nos últimos anos devido ao grande sucesso das equipes treinadas por Pep Guardiola (FC Barcelona e FC Bayern de Munique) não apenas pelo alto índice de aproveitamento de pontos disputados e conquista de títulos, mas também pela identidade única que esse treinador é capaz de materializar em suas equipes em ambientes diferentes, culturas diferentes e com jogadores diferentes. Muito conteúdo foi sendo incorporado no jogo dessas equipes ao longo da passagem de Guardiola, conseguindo uma permanente evolução no jogar, ampliando variações e melhorando a eficácia técnico – tática. Independentemente do esquema tático utilizado (afinal Guardiola se utiliza de 1-4-3-3, 1-3-4-3, 1-4-2-3-1, 1-3-3-4 e outros como matriz) os conceitos do jogo proposto estão sempre presentes.
Nas figuras abaixo, ainda não serão discutidas algumas questões fundamentais para o Jogo de Posição, como por exemplo, o “time” (tempo em inglês) das movimentações para a criação de apoios livres, a posição corporal de recepção da bola, a utilização dos dois lados (ambidestrismo) com a intenção de acelerar a circulação, a velocidade da bola no passe e a questão de passe no pé e no espaço.   

Figura 1 – Aumento de Apoios com ajustes Posicionais

O Jogo de Posição é essencialmente coletivo e cada jogador deve permanentemente estar a serviço da equipe para que haja potencialização das ações. Na Figura 1 (campo da esquerda), pode-se observar que os jogadores de linha estão ocupando o espaço de uma forma a torná-lo maior em largura (Amplitude) e comprimento (Profundidade) permitindo a criação de mais espaços internos (dentro do bloco defensivo do adversário), quesito importante para um jogo de posse de bola apoiada. Porém, somente aumentar o campo de jogo em largura e profundidade não é suficiente para construir um jogo apoiado eficaz, afinal, a exploração desse espaço interno depende de cumprir bem alguns requisitos que estão na base do Jogo de Posição. Com alguns ajustes posicionais, a estruturação do espaço permite a criação de 4 apoios (vamos considerar apoios as possibilidades de passes com um nível de dificuldade relativamente baixo) ao portador da bola (Figura 1, campo da direita), dobrando as possibilidades de passe e, consequentemente, exigindo mais jogadores e melhor organização do adversário para a recuperação da bola (partindo do pressuposto de que não ocorrerão erros básicos de decisão-ação por parte do portador da bola). Nessa situação hipotética, vamos considerar que o jogador em posse, escolheu o “Apoio 1” para passar a bola.

Figura 2 – Jogo pela Faixa Central

Com a escolha de passar a bola para o corredor central, a bola entra em um espaço que permite a criação de apoios em diversas direções, porém, é importante ressaltar que cada apoio possui suas próprias características. Na Figura 2 (campo da esquerda), o portador da bola tem 5 opções de passes, sendo 1 em progressão (Apoio 1), 2 laterais (Apoios 2 e 4) e 2 passes para trás (Apoios 3 e 5). Os Apoios 3 e 5 oferecem a possibilidade de retirada da bola da “Zona de Pressão” e os passes para os jogadores que estão dando Amplitude e Profundidade são de maior dificuldade. Ao escolher o Apoio 4, mesmo mantendo a bola ainda na faixa central, uma nova gama de possibilidades é criada com os ajustes posicionais em função do movimento da posição da bola. Nesse novo cenário (Figura 2, campo da direita) o Apoio 3 oferece um passe lateral sob pressão e os Apoios 2, 5 e 6 passes fora da Zona de Pressão para trás. Os Apoios 1 e 4 oferecem saída da Zona de Pressão com características diferentes. O Apoio 1 oferece saída lateral da pressão com possibilidade de progressão na faixa lateral, enquanto o Apoio 4 uma saída da pressão para a frente com a recepção da bola entre as linhas de marcação adversárias (Movimento “Entre Linhas”). A escolha por determinados apoios tem forte relação com o tipo de tomada de decisão do jogador e com o jogo da equipe, se há uma preferência por um jogo mais vertical ou de manutenção da posse de bola, se coloca a bola em disputa frequentemente ou se prefere jogar com bola sem coloca-la em disputa.


Figura 3 – Jogo pela Faixa Lateral

Há uma tendência do número de apoios ser reduzido na faixa lateral do campo por questões óbvias do limite físico do campo. As opções podem ser criadas para trás (Apoio 4), para a faixa central (Apoios 2 e 3) e para a frente (Apoio 1) como descrito na Figura 2 (campo da esquerda). A faixa lateral do campo, ao reduzir as possibilidades com bola, torna-se uma região propícia para a recuperação da bola, portanto é fundamental, além dos apoios em progressão (Apoio 5, por exemplo), a criação de apoios para a retirada da bola dessa zona, caso a pressão seja criada pela marcação (Apoio 3, por exemplo, fora da Zona de Pressão).

Figura 4 – Os Momentos do Jogo

As equipes de futebol estão permanentemente dentro do jogo em busca de uma organização que resolva as situações que vão se desenhando no confronto. Basicamente, a organização coletiva de uma equipe, pode ser dividida em 4 Momentos: Organização Ofensiva, Transição Defensiva, Organização Defensiva e Transição Ofensiva. Os comportamentos de jogo de uma equipe estão geralmente fluindo como na Figura 4.


Figura 5 – O Counter Pressing e a alteração do Fluxo dos Momentos do Jogo

Quando uma equipe exerce “Pressing” no momento da Organização Defensiva, objetiva recuperar a bola suprimindo as “Possibilidades Operacionais” do seu adversário, ou seja, se organiza para não permitir simultaneamente a (1) manutenção da posse de bola, a (2) progressão da bola em direção ao próprio gol e a (3) proteção de qualquer possibilidade de ataque à meta defendida. Para exercer o Counter Pressing, a equipe precisa suprimir essas “Possibilidades Operacionais” imediatamente após a perda da bola (no momento da Transição Defensiva), condição essa que se faz muito elaborada porque, neste instante do jogo, a sua organização posicional e operacional está toda voltada para a Organização Ofensiva. Portanto, para se ter êxito no Counter Pressing, a equipe precisa ter um tipo de organização para jogar o jogo com total conexão entre os 4 Momentos. Cada um dos 4 Momentos deve levar em conta a organização global do jogo, sem qualquer tipo de fracionamento entre Ataque, Defesa e Transição, tanto do ponto de vista Estrutural como Operacional.

Figura 6 – Reação Posicional e Operacional à Perda da Bola

Como exemplo, vamos retornar à situação apresentada pela Figura 2 (Figura 6, campo da esquerda) em que a equipe amarela está com a bola e possui 5 apoios. Após o erro de passe (sinalizado pela seta curva laranja, no campo da direita), os jogadores que eram apoios curtos (1 e 2) e o portador da bola (jogador que errou o passe), atacam imediatamente o jogador da equipe vermelha que interceptou o passe para buscar a recuperação imediata. O ataque a bola em 3 direções diferente elimina muitas possibilidades de ação do jogador da equipe vermelha. Os jogadores da equipe amarela distantes da bola recuperam o equilíbrio posicional e diminuem o campo de jogo adversário, fechando espaços centrais, sempre respeitando zonalmente uma ocupação coletiva, afinal o Counter Pressing objetiva a recuperação rápida da bola também para uma “Economia Complexa” de energia (física, técnica, tática e mental).


Figura 7 – Reação Posicional e Operacional à Perda da Bola
Após a perda da bola na Figura 7, o jogador da equipe vermelha é atacado por 4 jogadores (aqueles que eram os Apoios 1, 2 e 3 e o jogador que errou o passe), diminuindo o tempo e as possibilidades de ação adversária. Recuperar a bola na mesma zona que foi perdida, em pouquíssimo tempo, gera inúmeras vantagens como já foi descrito. Mas principalmente, a ocupação do espaço para atacar altera-se muito pouco do ponto de vista estrutural, permitindo uma nova sequência de ataque já iniciando com um bom nível de organização. Em compensação, a troca de posse de bola pode gerar desequilíbrios no adversário que podem ser aproveitados nos instantes iniciais desse novo ataque.
O Counter Pressing pode ser construído com referências zonais ou individuais, com pressão imediata na bola, na linha de passe ou com encaixes individuais. O que é fundamental é a conexão de todos os conceitos de todos os momentos do jogo e o sincronismo com que os movimentos individuais ocorrerão dentro de um contexto coletivo.

Referência Bibliográfica

Perarnau, Marti. Herr Pep. Idioma: Espanhol. Editora: Córner – Espanha. Assunto: Biografias. Edição: 1. Ano: 2014.

Para Mais Informações

Link 7: http://www.martiperarnau.com/tactica/differences-between-sacchis-klopps-and-guardiolas-counterpressing-concepts/

Leandro Zago

domingo, 18 de outubro de 2015

Metodologia de trabalho de José Mourinho segundo o livro "Por quê tantas vitórias?"

Metodologia de trabalho de José Mourinho - Periodização Tática

Segundo o livro "Por quê tantas vitórias?"

Lógicas Processuais

  • Progressão
Ocorre em três níveis:
- ao longo do ano;
- ao longo da semana (em função do jogo anterior e do jogo seguinte);
- ao longo de cada unidade de treino.
  • Distribuição de Conteúdos
Norteadores das unidades de treino:
- princípios da progressão complexa;
- princípio da alternância horizontal em especificidade.
  • O Treino
Fatores a considerar:
- jogar com espaço de jogo;
- a duração;
- a complexidade dos comportamentos a vivenciar;
- só é bom quando consegue operacionalizar o que é a idéia-chave;
- encontrar exercícios que induzam a equipe a fazer o que faz no jogo;
- elevar a performance coletiva.
  • Intensidade
- concentração decisional;
- de concentração;
- estar no jogo é estar a pensar e tomar decisões;
- exige treino e aprendizagem estar concentrado o máximo de tempo possível no jogo.
  • Volume
- volume de intensidades máximas relativas;
- volume de princípios de jogo, semanalmente semelhante, é o núcleo duro do jogar, expressando seu crescimento qualitativo;
- se corresponde à densidade de intensidades máximas relativas, representa a vivenciação hierarquizada dos princípios de jogo.
  • Sustentação da Metodologia
- construção de uma forma de jogar;
- invenção e operacionalização de um modelo de jogo;
- coerência;
- integração (interação) de todos os fatores (dimensões) alicerçados na organização e preparação tática;
- o todo deve passar a ser superior a soma das partes.
  • Filosofia de trabalho
- o clube deve possuir um modelo de jogo e um modelo de treino perfeitamente definidos;
- uma coisa são princípios e outra é o sistema;
- deve haver uma cultura tática dentro do clube.
  • Recuperação
Fatores a considerar:
- mental-emocional;
- físico;
- recuperar em especificidade;
- a matriz do recuperar relacionada a matriz do treinar;
- deve ocorrer ao nível das três estruturas: locomotora, orgânica e perceptivo-cinética;
- pode ocorrer onde deverias estar o esforçar: no jogo.
  • Descansar com bola
- bom jogo posicional;
- ocupação racional do espaço de jogo;
- posse de bola sem profundidade;
- a posse com o intuito de não prolongar os desgaste emocional e físico.
  • Fadiga
Caracterizações da fadiga:
- central (recuperação mais lenta, maiores preocupações);
- periférica.
  • Treino - dominante física
Tipo de treino / dia da semana:
- quarta-feira (elevada tensão específica - descontínua): boa velocidade de contração, curta duração e tensão elevada (grande densidade de contrações excêntricas);
- quinta-feira (dinâmica específica – menos descontínua): aumento da duração da contração e diminuição da velocidade e tensão da contração;
- sexta-feira (elevada velocidade de contração – média descontínua): elevada velocidade de contração, curta duração e não máxima tensão. Menor desgaste mental-emocional e físico das três unidades.
  • Treino – dominante tática
- quarta-feira (elevada tensão específica - descontínuo): subprincípios, subprincípios dos subprincípios (menor complexidade, subdinâmicas do jogar);
- quinta-feira (dinâmica específica – menos descontínuo): grande princípios do modelo de jogo – organização ofensiva, defensiva e transições – e a articulação entre eles, mais a preparação estratégica para o próximo adversário;
- sexta-feira (elevada velocidade de contração – média descontínua): subprincípios, subprincípios dos subprincípios, preservação do desgaste, incide sobre a velocidade de execução do desempenho e caracteriza-se pela unidade de maior ênfase à parte estratégica do adversário.
  • Hábitos
- saber fazer que se adquire na ação;
- economia neurobiológica;
- treinar: aprendizagem pela repetição.
  • Treinando concentração
- através de exercícios que a exijam;
- exercícios que obriguem a pensar, se comunicar, com complexidade crescente, com concentração permanente;
- não podem ser exercícios demasiadamente fáceis;
- quando os jogadores resolvem os problemas de determinado exercício deve-se buscar novos exercícios.
  • Trabalho semanal
- semanas de trabalho-padrão que obedecem a um conjunto de princípios metodológicos;
- diferenças entre a semana com um jogo e com dois jogos.
  • Padrões Táticos - Técnicos semanais
- do geral para o particular;
- gerais: aspectos imutáveis no meu modelo de jogo, os grandes princípios de jogo e os principais subprincípios que lhes dão corpo (treinados todas as semanas)
- particulares: detalhe tático posicional tendo em conta o lado estratégico;
- em semanas com dois jogos os grandes princípios são treinados no dia anterior ao jogo, quase sem competitividade com trabalho, teórico no gabinete;
- no sábado recuperação ativa num contexto de introdução a competição.
  • Exercícios
- aproximar o acontecer no exercício a configuração do acontecer em jogo que se pretende;
- principio metodológico das propensões;
- densidade;
- é uma determinada configuração geométrica e simbólica que condiciona / fomenta um determinado acontecer relacionado contra o todo que se deseja;
- tem que conter o plano do aleatório do contingente do imprevisível;
- a estrutura acontecimental do treinar tem que refletir a natureza da estrutura acontecimental do jogar;
- vivenciar dinâmicas;
- mecanismo não mecânico;
- automatismos libertadores.
  • Adversários
- muitas vezes apresentam um automatismo mecânico ao invés de uma dinâmica;
- previsão dos comportamentos do adversário;
- posicionar em algumas zonas mais importantes dos campos em função dos pontos fortes e fracos (detalhes posicionais);
- para conhecê-los são necessários quatro ou cinco jogos, movimentos-padrão, dinâmicas da equipe (André Vilas-Boas).
  • Descoberta guiada
- é preciso provar-lhes que estamos certos;
- jogadores vão descobrindo as coisas a partir de pistas que lhes vou dando;
- construo situações de treino que os leve para um determinado caminho;
- processo que visa a aquisição de um saber fazer sobrecondicionado ao saber sobre esse saber fazer;
- objetiva fazer com que os jogadores percebam e acreditem no modelo de jogo;
- instalação de um sistema de crenças.
  • Modelo de jogo
- passe e qualidade são fundamentais;
- assumir os jogos;
- para assumir o jogo é necessário ter a bola e usufruir dela;
- não se descaracterizar perante os adversários;
- mais importante é a própria equipe;
- mudar o sistema como alternativa de jogo, não pelo adversário;
- modelo de jogo perfeitamente definido, não fugir dele e acreditar nele;
- o mais forte que uma equipe pode ter é jogar como equipe;
- jogar como equipe é ter organização, ter determinadas regularidades que fazem com que no quatro momentos do jogo, todos os jogadores pensem em função da mesma coisa ao mesmo tempo;
- não dissociação entre defesa e ataque e suas respectivas organizações;
- em todos os jogos a equipe é preparada para ganhar;
- ênfase igual nas organizações ofensivas e defensivas;
- todos os jogadores tem funções ofensivas e defensivas, incluindo o goleiro;
- jogo e treino preparados de forma equilibrada;
- a equipe é um todo e seu funcionamento assim o é;
- todos os jogadores têm que participar dos quatro momentos do jogo;
- a coisa mais importante no futebol moderno além de marcar gols é ter a bola;
- alta circulação de bola e, para isso, bom jogo posicional, isto é, os jogadores têm que saber que em determinada posição há um jogador, que sob o ponto de vista geométrico há algo construído no terreno de jogo que os permite antecipar a ação;
- campo grande a atacar, linhas juntas a defender;
- reação forte à perda da bola;
- uma estrutura fixa em termos posicionais e uma estrutura móvel, jogadores que tem posições fixas em campo e outros que, pela sua dinâmica tem mobilidade, sempre havendo um equilíbrio posicional;
- ter sempre a ambição de ganhar os jogos, sem perder a tranqüilidade e equilíbrio posicional;
- os jogadores devem manter uma linha de jogo ofensiva, ambiciosa, com nítida intenção de ganhar, sem nunca perder o controle do espaço, a sua tranqüilidade e a comunicação entre eles, o que é fundamental;
- defender bem e ter qualidade individual são aspectos cruciais;
- bom posicionamento defensivo enquanto equipe, formando um bloco coeso que possa jogar com as linhas muito juntas;
- muito trabalho de saída depois da recuperação da posse de bola;
- ter a capacidade de jogar de uma forma a defender e, depois em posse de bola, modificar aquilo que é fundamental: a recuperação da posições em campo, tirar a bola da zona de pressão, etc.
- tem como característica o “pressing alto zonal”, que é um meio para recuperar a bola e só faz sentido se depois a equipe souber fazer uso dessa posse;
- quer que sua equipe controle o jogo;
- jogue mais em ataque continuado;
- defender bem sem utilizar o princípio da aglomeração;
- defender bem é defender pouco, durante pouco tempo, é ter a bola o maior tempo possível, é estar a maior parte do tempo com a iniciativa do jogo, não tendo necessidade de estar em ações defensivas;
- defender bem é defender “pouco”, em termos de quantidade de tempo, mesclado com o momento da perda da posse de bola;
- preferência por defender longe do próprio gol, porque quando recuperar a bola estará mais próximo do gol adversário que é o objetivo do jogo;
- no alto nível: homem-a-homem não existe, zonal existe, mas não convence e a zona pressionante é o futebol de hoje e o futebol do amanhã;
- não há central de marcação, defende zonalmente com uma linha de quatro que bascula em função da bola;
- não existem duas zonas pressionantes iguais;
- a do Milan com três linhas pressiona em largura enquanto a de Mourinho (Porto, Chelsea) com seis linhas (4-4-2 losango) pressiona em profundidade;
- o posicionamento da pressão é em função do adversário e a equipe sabe como comportar-se contra determinado sistema;
- salvo raras exceções a equipe não muda de sistema em posse de bola, independente do adversário;
- sem bola, a equipe tem a capacidade de ler o sistema adversário e adaptar sua pressão ao posicionamento deste;
- não há o encaixe ao adversário;
- não se joga em função dos homens, mas em função dos espaços;
- bloco baixo é facilmente interpretável, sem a necessidade de grande liderança ou feedback, bastando definir a referência visual do bloco e nada mais;
- a liderança, dentro do processo defensivo, tem a ver sim com a basculação, com a zona e com a capacidade que alguns jogadores têm, pela sua posição em campo ou pela sua capacidade de análise do jogo, de orientar suas ações coletivas;
- há jogadores fundamentais na dinâmica defensiva;
- utilizar o bloco baixo, linhas juntas e tranqüilizar o jogo quando estiver difícil jogar numa zona pressionante ou fazer uma transição muito forte, por fadiga, por determinado ascendente do adversário ou porque o adversário tem uma determinada dinâmica ofensiva que está a criar algum tipo de problema;
- sob o ponto de vista da eficácia é muito mais fácil jogar bloco baixo do que bloco alto;
- para uma equipe que quer jogar em ataque continuado, que quer ter a posse de bola, a iniciativa do jogo, tem que ser uma equipe sempre bem posicionada, e isso só se consegue defendendo zonalmente;
- a forma de jogar da equipe é extremamente desgastante;
- quando não tem a bola, inicia logo as ações com vista a sua recuperação, mesmo que seja necessário ir à área do adversário;
- após recuperada a bola, tem que decidir se tem condições de sucesso para de imediato atacar e assim continuar o desgaste ou, não tendo condições, optar por descansar com bola circulando-a;
- a transição defesa-ataque tem que ter uma relação íntima com a forma ofensiva de jogar;
- quando uma equipe pressiona alto, precisa descansar durante o jogo;

  • Liderança
- gestão das derrotas igual à das vitórias;
- manter o grupo sob controle através da ampliação do modelo de jogo, torná-lo mais rigoroso;
- utilizar o 4-4-2 (mais complexo) em complemento ao 4-3-3 (menos complexo) como estratégia da evolução do modelo de jogo;
- utilizar exercícios mais complexos, que diminuam a eficácia dos jogadores no treino como estratégia de controle de concentração;
- os jogadores não adoram o treinador, adoram é trabalhar com ele.